Grande defensora da cultura africana, sobretudo a religiosa, Clara Nunes evocava os Orixás em suas canções. Essa foi, talvez, a característica mais marcante em suas gravações. E era muito bom ouvir sua voz entoando pontos e saldando os deuses da Umbanda. Assim como Vinícius de Moraes, ela também era uma branca de alma negra.
Clara não deixou herdeiros, ela não podia ter filhos, o que era uma grande frustração para a cantora, mas deixou um grande legado musical: 16 discos e mais de 150 canções. A mineira e filha caçula de sete irmãos começou cantando bolero, tinha como divas as cantoras Elizeth Cardoso, Dalva de Oliveira e Ângela Maria.
Foi tecelã antes de despontar como cantora e chegou a ter um programa na TV Itacolomi em 1963, Clara Nunes Apresenta, o programa durou um ano e meio e tinha como intuito apresentar os grandes cantores da época. Em 1965 mudou-se para o Rio de Janeiro, e lá se firmou no samba. Ela era também uma apreciadora do Carnaval brasileiro, gravou Portela Na Avenida, álbum Clara, 1981, outra marca representativa na carreira da cantora. Ela representou o Brasil lá fora, cantou em Angola e na Alemanha.
Não vi nenhuma homenagem para a Clara Nunes, como foi feito, por exemplo, para a Elis Regina. Pena. É sinal que o povo brasileiro não tem memória ou não sabe valorizar os seus grandes ícones da MPB. Fica aqui então, a minha humilde homenagem a essa grande cantora da música popular brasileira. Salve Clara!!
Segue o vídeo de mais um de seus sucessos que está presente no álbum Brasil Mestiço, 1980. A música é do Chico Buarque.
Morena De Angola
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